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Camelôs reivindicam melhoria em shoppings populares
Por: 04 de Novembro de 2005 em: Notícias

Centenas de camelôs de Belo Horizonte lotaram o Plenário e as galerias da Assembléia para participar da reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, que discutiu a situação da categoria e propostas de melhoria. Os chamados empreendedores populares foram retirados das ruas da Capital pela Prefeitura e transferidos para shoppings populares, processo que começou em 2003, com a aprovação do Código de Posturas. Representantes de vários shoppings populares instalados em Belo Horizonte e dos ambulantes compuseram a mesa e fizeram uso da palavra.

O presidente da comissão e autor do requerimento pela audiência pública, deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), lembrou a visita que fez em nome da Comissão a dois shoppings populares - Oiapoque, o pioneiro, criado em 2003; e Tupinambás, aberto em 2004. A vice-presidente da comissão, deputada Elisa Costa (PT), leu o relatório da visita, em que são listados os problemas encontrados nos shoppings: a ociosidade nos andares superiores dos dois centros de compras, com os camelôs desses espaços ameaçando voltar para as ruas; relatos de pessoas com dívidas de aluguéis (de R$ 250) e condomínios atrasados, devido ao baixo volume de vendas; comercialização de boxes, o que seria ilegal, por R$ 15 mil. Foi também apresentada em telão a reportagem da TV Assembléia sobre o assunto.

Cooperativa - O presidente da Associação Geral dos Empreendedores Populares, Djalma Pereira, reclamou que, depois de 40 anos nas ruas, os camelôs foram "expulsos como cachorros", e que agora estão sendo "explorados com aluguéis escorchantes" - de R$ 75 por metro quadrado, e com aprovação da Prefeitura. Hélio Leitão, representante dos Ambulantes, defendeu a criação de uma cooperativa da categoria, pedindo o apoio da comissão para a iniciativa. Ele também denunciou que fiscais da PBH estariam extorquindo camelôs, pedindo propina ao apreenderem mercadorias sem lavrar o auto de infração, o que contraria o Código de Posturas. Outra denúncia foi a de que um major da PMMG teria espancado, há cerca de um mês, um ambulante cego.

A representante do Shopping Oiapoque, Maria Gorete de Paula, reconheceu que a situação do estabelecimento onde atua é bem melhor comparada aos outros shoppings populares. Mas disse que mesmo no "Shopping Oi" há problemas também de baixas vendas nos andares superiores. Ela também citou exemplos de outras cidades, como Brasília e Salvador, onde foram criados camelódromos com o pagamento de uma taxa mínima de condomínio apenas, sem aluguel.

Administrador de shopping contesta camelôs

O administrador dos shoppings Oi e Tupinambás, Mário Valadares Costa, pediu a palavra para fazer alguns esclarecimentos. Ele disse que o imóvel do Shopping Oiapoque estava em péssimas condições antes da implantação do empreendimento, o que o levou a fazer um grande investimento em melhorias. Sobre o preço do aluguel e a taxa de condomínio, Valadares declarou que, antes da instalação do shopping, foi feita uma pesquisa em que se constatou que os camelôs gastavam em média R$ 180 pelo aluguel de local para armazenar suas mercadorias - o chamado "custo-rua". No Shopping, ele oferece banheiros, praça de alimentação e segurança, o que justificaria o pagamento dos R$ 250. Durante sua fala, Mário Valadares foi interrompido várias vezes, hostilizado por vários camelôs, que não aceitavam as justificativas.

Ministério Público - Depois de ouvir todos os convidados, o presidente da comissão, deputado Alencar da Silveira Jr., informou as providências que a comissão iria tomar. Ele divulgou que havia marcado uma reunião no Ministério Público onde deverão ser entregues as notas taquigráficas da audiência pública, além da fita de vídeo com a reportagem da TV Assembléia. Alencar declarou também que seria criada uma comissão formada pelos deputados da comissão e representantes da categoria para apresentar à PBH as propostas dos ambulantes.

 

 

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