No dia 5 de julho de 2004, DT publicou com exclusividade matérias sobre um projeto ousado. Os arquitetos Henrique Campos e Radamés Teixeira apresentaram os desenhos e as características do Aeroporto Barroco. A proposta era de construir um terminal nas imediações da Lagoa das Codornas, às margens da Rodovia dos Inconfidentes, que liga BH a Itabirito/Ouro Preto/Mariana. O assunto foi debatido em vários setores da sociedade, muitos acreditaram que se tratava de uma obra fora da realidade da Grande-BH, uma vez que era discutida à época a melhor utilização de Confins e da Pampulha. O tempo passou e, agora, o assunto voltou à tona de forma ainda mais intensa. O deputado estadual Alencar da Silveira Júnior apresentou ao governador Aécio Neves, recentemente, o projeto do “Aeroporto dos Inconfidentes”, que poderá ser construído em Amarantina, distrito de Ouro Preto. O local fica a 15 quilômetros da ex-capital de Minas, 12 de Itabirito e 60 de Belo Horizonte. “Conversei com o Aécio e ele gostou. O secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro, encaminhou o caso para a pasta de Obras Públicas que, por sua vez, está consultando o DAC (Departamento de Aviação Civil), para ver a viabilidade do empreendimento. Acho que vai dar certo”, avalia o parlamentar.

O arquiteto Henrique Campos foi surpreendido com o projeto do deputado, gostou de ver suas idéias dando frutos, mas continua convicto de que o melhor lugar para a construção do Aeroporto Barroco é a Região das Codornas: “Não será viável uma obra deste porte perto de Ouro Preto. Quando tivemos a idéia, pensamos em um terminal que resolvesse o problema de tempo de um grande número de pessoas, de várias cidades. Desde a região Sul de Belo Horizonte, passando pelos condomínios e Centro de Nova Lima, Brumadinho, Ouro Preto, Itabirito, Mariana, entre outras cidades. Neste local proposto pelo deputado, a utilização será muito menor, o que diminui a capacidade produtiva do aeroporto”. Campos lembra também que pensou no terminal para ajudar no escoamento da produção das emergentes indústrias de produtos tecnológicos da região de Nova Lima, facilitando assim a questão do transporte: “Trata-se de um grande investimento que precisa devolver à sociedade as verbas investidas. Por isto, continuo certo de que a idéia é ótima, mas o lugar deve ser reavaliado. Quanto mais perto de BH, maiores as chances do aeroporto dar certo”, avaliou o arquiteto.

Dinheiro

Alencar da Silveira disse que há dinheiro para a construção do Aeroporto dos Inconfidentes. Segundo ele, o Programa Federal de Auxílios a Aeroportos (PROFAA) tem R$ 20 milhões reservados, este ano, para Minas Gerais ampliar, consertar e construir terminais: “O projeto prevê gastos da ordem de R$ 3,5 milhões para a construção deste terminal, que terá capacidade para receber aeronaves médias, de até 50 lugares, como as que estão circulando pelo interior de Minas, nos chamados vôos regionais”. Neste caso, segundo ele, a pista não precisaria ser muito grande e os equipamentos também não seriam os mais caros do mercado: “Todo projeto deve ter viabilidade econômica. Por isto, fizemos este trabalho com valores dentro das disponibilidades do Estado e destas verbas que podem vir de Brasília. Acho que o governador gostou e as chances desta idéia decolar são grandes”.

O parlamentar disse ainda que, além das disponibilidades financeiras, existem também possibilidades de parcerias: “Muitas mineradoras e empresas da região de Ouro Preto, Itabirito e Mariana estão dispostas a ceder caminhões e máquinas para diminuir o preço da obra. Todos querem um transporte mais rápido, pois hoje gasta-se mais de três horas para um empresário chegar de Confins até Ouro Preto. Esta demora inibe os negócios e espanta investimentos. Por isto, acho que não faltarão recursos e boa vontade para completar os trabalhos”. O arquiteto Henrique Campos também acredita que seu projeto pode ser adaptado para as verbas disponíveis: O aeroporto pode ser construído de acordo com os recursos. Acho que a obra, inicialmente, pode ser menor, sendo, depois, ampliada de acordo com o aumento da demanda. Os R$ 3,5 milhões propostos por Alencar da Silveira também são suficientes para tornar realidade o nosso projeto, que foi o primeiro a levantar a importância de um aeroporto nesta região. Agora, todos sabem que a Rodovia dos Inconfidentes precisa de um terminal e a discussão já está em cima do local. Já foi um grande passo e, no futuro, todos vão agradecer”, concluiu o arquiteto.